sexta-feira, 20 de maio de 2011

Eu, a morte, e o pós-morte

Eu, a morte, e o pós-morte. Essa era a minha situação, no volante daquele Impala preto, à caminho do nada, numa estrada desconhecida com uma mulher no banco de trás, a mulher que amo, desmaiada.
Estou surpreso por estar vivo. E consciente...Tudo começou subitamente e poderia acabar subitamente .
Bom,na verdade, tudo já acabou, eu tento recomeçar... O maldito carro está quase sem gasolina, eu estou quase sem balas, e ainda existem algumas daquelas criaturas por aí, nas estradas.Não são bem criaturas, porque estão mortas, bem, não sei como chamá-las, só sei que os mortos deram para sair de suas tumbas, para matar mais gente.Não sei o que causou isso, só espero sair dessa vivo, se é que isso é possível.

Ao redor da morte, eu e minha amada, que agora está em meus ombros, caminho por pastos verdejantes ( enfim a gasolina do carro acabou), em busca de pessoas, abrigos, ou até lugares em que eu possa morrer em paz. Enfim encontro uma velha capela, onde posso descansar e colocar o belo corpo de minha mulher ao meu lado, em uma banco qualquer daquela igreja.

Ela é tão bela, tão simpática, pena que teve que ver o fim do mundo, pena que teve que passá-lo comigo, pena que foi atacada.
Será que é pena por ter sido salva ?
Ainda bem que ela está inconsciente, se bem que quase não sinto sua respiração.
Não, ela vive, mesmo que esteja morta, ela vive.

Comprovo isso enquanto ela me morde no pescoço, buscando minha carne viva.
Logo logo estarei com ela na eternidade, e nossos corpos na terra, devorando outros corpos.


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