quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Uma cuspidela no meio fio, e um olhar frio até as estrelas, que muito mais sóbrias do que ele, brilhavam ainda embriagadas de luz, o fez perceber que ele precisava de uma conversa. Deu mais alguns passos extravagantes e tortos até quase cair sozinho, em uma rua anônima numa cidade anônima. Aquela rua e aquela cidade estariam prestes a se tornar um deserto pessoal para o nosso homem, ali de pé em meio à rua, que duvidava de todas as coisas nessa terra. Bario Neni Toiro estaria prestes a se tornar um falso João Batista, clamando num deserto apenas dele. Bario Neni Toiro necessitava, todos os dias, mas acabara por perceber naquele momento de doença e inexatidão, que precisava ver-se de outra maneira. E a melhor maneira seria ver-se, mas não havia nenhum espelho naquele momento.
Uma rua violenta e uma conclusão violenta a uma anedota de uma vida inopinadamente comum demais. Bario Neni Toiro viu, no meio da rua uma jovem, mais do que bela, ser assassinada por um grupo de possivelmente adolescentes, que provavelmente abusaram-na.

O homem na rua agora decidiu-se ver como a pior criatura da terra. Por pertencer ao mesmo grupo de assassinos que vira aquele momento. Ele também era um homem e agora havia visto o que estava de errado com Tudo, com ele, com o mundo todo.

Ele estava errado.




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