sábado, 23 de abril de 2011

Pequena Crônica


O Poeta e a vingança.

O que mais no caos interior do poeta poderia ser retirado ? O Poeta não sabia, mas mesmo assim, arrancava de seu ser todas as angústias possíveis.Ele estava cansado de falar sobre si mesmo, e decidira agir. Ele iria livrar o mundo do mal que o assolava.

Ele iria vingar a inocência de milhares de pessoas que morrem dia-a-dia.Iria limpar e concertar as coisas, já que seu espírito, ele não conseguiu desinfetar de suas paixões e vícios, não conseguiu, com rimas e amores, acabar com toda a solidão e mortandade de sua alma.

No começo, suas vítimas imploravam por redenção.O Poeta respondia que era justamente o que ele faria.Toda redenção começaria com a morte.A toda morte que ele causava, um poema em sua honra era logo cantado e escrito em pequenos bilhetes, ao lado dos mortos. Poemas simples, trovas pequenas.
Tudo aquilo que o Poeta desejava para si.

Ninguém esperava, depois de tanta vingança e tanta justiça, este poema, ao lado de um corpo sujo e pálido:

"A morte começa com a redenção.
Meu caso não é exceção
Eu me redimo, em tom de poesia,
De uma vida vadia e vazia"

E o Poeta jamais poetou, amou e se vingou.

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